segunda-feira, 12 de março de 2012


Ei tu aí! É, tu mesmo que tá sentadinho atrás deste computador e acaba de entrar no Clube de Trova. Pois é, é tu que vai ajudar-nos desta vez na construção de uma nova situação e de um novo ambiente para que possamos do lado de cá, desenvolver uma trova conveniente, de acordo com aquilo que tu nos sugestionou.
Então é o seguinte, usa a área de comentários deste post para sugerir um lugar e uma situação onde o personagem em questão terá de usar seu “xalalá” para dar-se bem.

Desde já o Clube de Trova agradece tua colaboração

terça-feira, 6 de março de 2012


Estimado amigo/leitor!

Aí está o primero conto de nosso blog. Nele, aceitamos um desafio do queridão Fredi Bazzan, que através de um comentário, propôs que uma trova salvasse a pele de um rapaz, quando sua chefe o pedisse para sair com a sobrinha dela, que por sua vez é muito feia. A ideia é escapar com êxito da feiosa sem comprometer sua carreira profissional.
Lembrem-se sempre que todos podem participar do blog, mandando sugestões, através de comentários, de situações e lugares para que possamos criar o texto. Você, amiguinho leitor, também pode criar seu próprio texto e mandar para o email: clubedatrova@gmail.com, para que o postemos.


Segue o primeiro texto, e esperamos do fundo do coração que seja do teu agrado.



A Trova Autosabotadora.

Eu sempre admirei a Bete, minha chefe. Aliás, não posso negar que tive alguns sonhos de verão com aquela jovem senhora de 47 anos. É, eu sei, parece exagero, mas a Bete era como a Vera Fischer (antes de ser empalhada, ou mumificada, não sei bem o que aconteceu): uma mulher grande, com tudo no lugar, voluptuosa, perfumada!Eu ia trabalhar todos os dias pensando na Bete. Quando ela usava aqueles saltos que deixavam seus pés a mostra, era como se eu a visse toda nua, só pra mim. Minha paixão constante me fazia suspirar cada vez que ela me ligava pedindo que eu fosse à sua sala. E naquela terça-feira não foi diferente:

- Artur! Vem aqui, queridoooooonnnnmmm.

E aquela voz sensual ficava ecoando dentro da minha cabeça, até eu encontrar aquele rosto lindo adornado com uns óculos de secretária de filme adulto.

- Escuta Artur, te vejo sempre indo almoçar sozinho, nunca te vi receber ligações de gurias durante o expediente, tu não tens namorada?

Eu suspirei antes de responder. Será? Será que a Bete estava me cantando?

- Não Bete, eu sou um cara da noite, caçador sabe? Respondi cheio de astúcia.

- Pois então está na hora de ocupar esse coração. Tu não queres sair com a minha sobrinha, a Tamiris?

Antes de responder, novamente eu pensei: Se aquela história de 'azinho-azão' da biologia fosse verdadeira, a sobrinha da Bete devia ter algumas células, tecidos (e um par de coxas, quem sabe?) parecidos com os da Bete.

- Claro que sim chefe. A beleza com certeza foi distribuída uniformemente em toda a família!

Dessa vez foi a Bete quem parou pra pensar. O sorriso dela foi diminuindo, e ela limitou-se a dizer:

- é, é sim. Então tá, hoje à noite tu leva ela ao cinema!

-Será um prazer Bete.

Fiquei o resto do dia pensando como seria encontrar a Tami. Como eu faria pra conquistar a sobrinha da minha chefe? No final do expediente, a Bete com um sorriso no rosto me disse:

- Se tu entrares pra família fica mais fácil crescer aqui, viu? Querido...

Era isso então: eu pegava o clone 30 anos mais novo da Bete e ainda e ficava rico: era o plano de carreira perfeito.

Marcamos um local específico do shopping: a loja de fantasias. Ali era fácil um reconhecimento. Às oito e dez eu comecei a estranhar a demora. Eu olhava pros lados e não a reconhecia em nenhuma garota. Nem notei quando a promotora da loja parou do meu lado, vestida de Betty Boop/capa de gás.

- Oi! A moça disse.

- Não quero comprar nada. Respondi meio nervoso.

-Mas, por que tu tá dizendo isso?

- ué, tu não tá vestida de garota-propaganda?

- NÃO ARTUR!

Então eu me dei conta: aquela atarracada era a sobrinha da Bete! Foi por isso aquela mudança de fisionomia pela manhã! A Tamiris era uma equação simples: as pernas da Bete + os seios da Bete + o sorriso da bete. Ela era tudo isso, SÓ QUE AO CONTRÁRIO!

- Tami, desculpa, tu tá tão bonita, e eu acho as gurias daqui tão atraentes que, confundi!

Meu cérebro teve que funcionar muito a partir deste instante. Eu precisava achar uma maneira de não ficar com aquele pedaço de caminho mal feito e não perder meu emprego. Minha sobrevivência dependia de fazer aquele ser estranho NÃO gostar de mim. Eu podia ser grosso, mas aí eu perderia o emprego. Eu podia dizer que tenho namorada, mas aí a Bete ia descobrir. O único jeito era convencer aqueles poucos centímetros de muita carne de que eu não era um bom partido.

A estratégia era bombardear a moça com informações que a fizessem acreditar que eu não servia pra ela. Era a primeira vez que eu precisava convencer uma mulher de que não fazia sentido ela me dar uma chance. O primeiro passo: demonstrar que eu era insensível.

- Tami, tô muito a fim de assistir um documentário sobre muai thay que tá passando aqui no cinema, tu curte né?

Imaginem a cara de uma guria que tem na sua frente três comédias românticas, que provavelmente está indo pela primeira vez ao cinema com um cara que não fosse primo dela e que precisa assistir um documentário sobre artes marciais!

- por mim tudo bem Artur.

A expressão facial de uma mulher não engana ninguém. Meu passo número um foi um sucesso. Ainda faltavam quinze minutos pro início do documentário, e agora era a hora de passar a maior trova ao contrário da minha vida.

- Tu sabes que, eu tô adorando estar aqui contigo. É tão difícil alguém aceitar sair comigo. Não é qualquer pessoa que gosta de sair com um perdedor.

- Como assim, Tuio?

Ela me chamou de Tuio, Cristo Rei! Alguma coisa estava errada. O muai thay tinha funcionado, eu tenho certeza, mas ela ainda estava entusiasmada por sair pela primeira (e imagino eu, única) vez com um homem. Eu precisava atacar, e a pergunta dela fora a deixa necessária:
- Pois é, Damaris.
- É Tamiris.
- O que?
É Tamiris, não Damaris.
-Ah sim, desculpe, Tamara ( percebe o que eu fiz? Pois é, eu estou irritando ela. Estou minando a defesa da gordinha, pois ninguém gosta de gente que troca nomes, pois essas pessoas são chatas. Hoje troco o nome na conversa, amanhã chamo ela por outro nome na cama. É assim). O que acontece é que eu sou um perdedor. Não tenho nada na vida. Trabalho no mesmo lugar há quase seis anos, e não me entenda mal, adoro trabalhar lá. A tua tia é muito legal comigo, só o que salário é baixo, sabe. Eu ganho muito pouco. Tá vendo essas calças aqui? Pois é, tive que comprar num brechó, e tem um furo no bolso. Eu não tenho grana pra comprar nem sequer um presente pra ninguém.
Tamiris me fitava de forma atenta, e via ali, escrachado naquele olhar a frustração. Talvez estivesse frustrada comigo, ou talvez estivesse frustrada por mim. De qualquer forma, dizer a uma mulher que não se tem dinheiro para comprar sequer uma regalinho no Dia dos Namorados, é praticamente exigir que ela não goste de ti.

- Hum, que coisa Artur. Mas tu já tentou pedir um aumento?
- Não tentei Tamiris. Eu tenho um problema com isso, sabe. Acho que não valho o que ganho, me sinto tão burro, sabe. O salário que eu ganho é mais do que justo, e não quero enganar ninguém, me entende.
Cara, essa foi genial. Eu matei dois coelhos com uma cajadada só. Mostrei pra Tamiris que não tenho autoestima, ou seja, sou um cara inseguro, e mulher não gosta de homem inseguro, e além disso, disse pra ela que eu sou burro. Quem gosta de gente burra?
Mais uma vez ela me olhou, e eu já começava a notar que suas feições mudavam. Em um primeiro momento, ela tinha aquele face empolgada da excitação juvenil. Do nervoso por um encontro, das borboletas no estômago por conhecer um cara e pensar na possibilidade de tocar seus lábios até o final do filme. Agora não era mais assim. A expressão no rosto de Tamiris me dizia que ela queria ir logo até o final daquilo. Se pudesse, ela avançaria todo o filme e iria embora, se sentindo mal.
Porém, ela ainda não havia desistido, e foi então que vi a deixa certa para terminar de vez com aquele jogo. Eu já havia preparado o chute e o ângulo superior esquerdo do goleiro estava aberto.
Atenção senhoras e senhores, é a hora do chute.
- Artur, vamos ali comprar pipocas? Eu adoro as pipocas deste cinema. Depois na saída podemos comer aquele espetinho de carne que eles vendem aqui do lado do prédio.
- Não, Tamiris, obrigado. Eu sou vegetariano.
Estava tudo pronto. Tamiris, resolveu entrar no banheiro e dali jamais saiu. Jamais saiu para os meus braços, pois ali estava uma mulher desesperada. Uma mulher de pouco tamanho e muita carne, que jamais aceitaria a ideia de ficar com alguém que não coma um bom churrasco. Seria o fim ter um namorado que só come salada.
Fui embora com um sentimento de satisfação pessoal. Aquele mesmo sentimento de dever cumprido. Deus, eu era bom. Trovar alguém pra gostar de ti é fácil, e o meu talento nisso era grande, porém, trovar alguém para não gostar de ti, era tarefa de gênio, e eu havia conseguido.

Na manhã seguinte, cheguei no trabalho e logo ouvi os "toc-toc's" do sapato de salto alto da Bete. Entrou, olhou para mim por sobre os óculos de professora dos meus fetiches e logo decretou:
- Artur, venha até a minha sala.
Estaria eu perdido? Ela me mandaria embora por ter descoberto que eu afastara propositalmente sua sobrinha?
Entrei na sala e sentei-me como quem nem de longe imagina o que está por vir.
- Fiquei sabendo do encontro frustrado de ontem e só tenho dois comentários a fazer sobre isso.
Meu estômago embrulhou e eu me imaginei demitido.
- O primeiro deles, continuou a Bete, é que quero te dizer que eu fico muito mal por tu não ter dado certo com a Tami. Ela tem o gênio difícil e geralmente não se entende com as pessoas assim facilmente. Obrigado por ter saído com ela, viu gatinho!
Deus, ela me chamou de gatinho? O papo começou bem.
- Outra coisa, ela me comentou que falaste pra ela que não mereces o salário que ganha, e eu chegue a conclusão que é verdade. Teu salário é muito inferior ao que tu representa pra mim aqui dentro. Portanto, tu terás o salário dobrado a partir deste mês.
Era isso, eu sou ainda mais genial do que havia presumido. Dispensei a almôndega, recebi um elogio da deliciosa chefe e ainda ganhei um aumento. Tudo isso por saber usar a trova.
Levantei-me e saí a da sala da chefe, ainda atônito, porém, agradecendo às súplicas a minha amada e gostosa chefe. Quando cheguei perto da porta Bete me chamou mais uma vez:
- Tuio! Agora que ganhaste um aumento, já podes compras calças novas e presentes para tuas namoradinhas.
Engoli seco. Ela me colocaria a gorda no caminho mais uma vez. Agora sim, eu não saberia com agir. Meu dicionário de bons papos e escapadas magistrais estava quase que esgotado, e eu não teria como escapar desta situação. Quando comecei a preparar uma defesa argumentativa, a Bete concluiu:
- Faz assim, compra as calças e usa o salário para me pagar um jantar.

Deus, eu sou bom demais.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


Lábia, sim senhor. A lábia, a retórica, ou a popular trova se fazem necessárias em diversas ocasiões do dia a dia de um ser humano qualquer. Se teu chefe te cobra algo que tu esqueceu de fazer, por exemplo, é necessário que tua língua esteja afiada e que teu latim esteja a ponto de bala, para que ambos negociem uma saída plausível da sinuca de bico em que foste colocado.
Outra situação mais óbvia na qual utiliza-se a trova é quando se está por conquistar uma moçoila serelepe. A beleza é prática, o dinheiro também. Ambos tornam a conquista muito mais fácil, porém, se queres de fato conquistar uma moça de valor, utilize-se da inteligência, da cordialidade e da elegância. Aí está a trova, pois esses três itens básicos a compõe.
Este termo, trova, em nenhum momento pode ser confundido com mentira. Trova é simplesmente a maneira mais inteligente de usar sua capacidade de juntar letras e formar palavras. A melhor maneira de impressionar a loira siliconada não é estacionando um i30, e você verá.  Coisas materiais serão só um upgrade depois que você conhecer o maravilhoso dom da trova.  As desculpas por chegar atrasado no trabalho, ganhar uma discussão futebolística ou religiosa. TUDO está na língua (e na mão) do bom trovador!
Então, imagine: tão fácil que não precisa de dinheiro (e pode até lhe render um), tão lindo que conquista belas mulheres, tão culto que te torna um João Dória Jr. em frente ao teu chefe. Essa é o dom da trova, e a partir de agora ele faz parte da tua vida!
A partir dessa semana você escolhe a situação e o tema, e nós utilizamos as técnicas ocultas de falar sem dizer nada pra sair de qualquer perrengue. E é claro: você também escreve. Basta querer!
Assim será “O clube da Trova!” um lugar pra trovar, convencer e conquistar.
Ricardo Reginato e Cristian Schnidger contam com sua participação pra tornar esse blog um livro de auto ajuda virtual, pra te fazer vencer todos pela conversa!